Na medicina oncológica dos últimos anos, tem se buscado intensamente por tipos de terapia que inibam ou mesmo suprimam a hiperprodução de neurotransmissores ou proteínas causada pelo tumor e que, por meio de procedimentos direcionados, causem apenas efeitos colaterais mínimos, sendo assim bem tolerados pelo paciente. Carcinoides bem-diferenciados assumem aqui um papel central por apresentarem em sua superfície celular um número muito maior dos chamados receptores de somatostatina do que é o caso de células saudáveis. Nos últimos 20 anos, tais receptores de somatostatina têm constituído o fundamento de métodos específicos, direcionados ou adaptados para o tratamento de tumores neuroendócrinos.

Há 20 anos que somatostatinas estão disponíveis como medicamentos eficazes que, conectando-se aos receptores de somatostatina existentes em células tumorais, inibem o crescimento do tumor, sem causar efeitos colaterais como náuseas, vômitos ou queda de cabelo. Para amplificar este efeito, foi natural que se usasse um derivado de somatostatina marcado radioativamente para expor células tumorais à radiação interna direta. Para tanto, usa-se há mais de 10 anos vários tipos de somatostatina marcada com radionuclídeos.

Nos dias de hoje, os elementos radioativos utilizados são, principalmente, o lutécio-177 e o ítrio-90. Tais elementos são geralmente ligados, por meio de chamados agentes quelantes, ao análogo de somatostatina de nome octreotide. O medicamento radioativo resultante (DOTATOC-90Y, DOTATOC-Lu-177 ou DOTATATE-Lu-177) é administrado ao paciente por via intravenosa e a radiação interna tem início. Assim que o medicamento se encontra na circulação sanguínea, o seu componente octreotídico identifica todas as células tumorais apresentando receptores de somatostatina em sua superfície e conecta-se às mesmas. Em seguida, as partículas radioativas do medicamento matam as células tumorais por meio de raios beta e gama. A TRRP adequa-se, portanto, à radioterapia interna de metástases positivas para receptores de somatostatina, incluindo eventuais metástases ósseas de tumores carcinoides.

No entanto, a TRRP não deve ser aplicada em pacientes com insuficiência renal (elevação dos níveis de creatinina ou ureia) ou depressão da medula óssea (redução de glóbulos vermelhos ou brancos ou de plaquetas) e tampouco no caso de tumores neuroendócrinos mal-diferenciados (G3). Ainda não foram realizados estudos comparando TRRP e tratamento medicamentoso. No entanto, estes métodos terapêuticos não se excluem mutuamente, sendo, pelo contrário, combinados frequentemente.

Abreviaturas frequentemente usadas na medicina nuclear:

DOTA          = 1,4,7,10-tetraazaciclododecano-1 ,4,7,10-tetrácido-acético

DOTATOC    = DOTA-Phe1-Tyr3-octreotide (conjugação de DOTA e tirosina com octreotide)

DOTANOC   = DOTA- Naphthyl3-octreotide (conjugação de DOTA, naftil e alanina com octreotide)

DOTATATE  = DOTA-Tyr3-Thre8-octreotide (conjugação de DOTA e treonina com octreotide)

 




Prof. Dr. med. Hans Scherübl

Médico Especialista

Prof. Dr. med. Hans Scherübl
Clínica Vivantes Am Urban
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